quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os passos incertos de um prefeito inexperiente

Os passos incertos de um prefeito inexperiente
Rudá Ricci 1. Se elege com todo fôlego e indica seus mais próximos auxiliares para o governo


2. Tenta desenvolver muitas ações e esbarra no orçamento, nas regras para contratar e empenhar, na queda de arrecadação, nos conselhos conservadores da assessoria jurídica e nas chantagens dos vereadores


3. Se irrita, bate na mesa e diz que foi eleito pela vontade popular e que agora tudo será diferente. Todos ouvem, mas ninguém se convence

4. Começa a ser bombardeado pela Cãmara Municipal, pelo Ministério Público e pelos jornais e rádios de oposição. Alguns secretários já não olham para o Prefeito com muita compaixão. É o início da depressão

5. Vira o ano se perguntando se o mundo é assim mesmo

6. Começa a se fechar. Entra no gabinete pelos fundos, não sai ás ruas, desconfia de todos, se irrita nas reuniões e começa a disparar ligações pelo celular a cada demanda ou crítica que recebe nas ruas, ouve nos rádios ou lê nos jornais. Seus assessores e secretários começam a dizer que o Prefeito está surtando. Começam as piadinhas desabonadoras que se repetem nos escaninhos da Prefeitura

7. Choque de pragmatismo. O Prefeito se apóia num consultor, secretário ou assessor direto e pisa no acelerador. Vai à luta. Faz acordos exóticos com alguns vereadores, contrata empresas e seus pacotes de luxo, viaja toda semana para Brasília em busca de obras e mais obras. Já se prepara para anunciar as obras e pensa em marketing.

8. Os acordos se proliferam e o governo acende velas para todos os santos. O projeto não é mais a mudança, mas a reeleição, vista como desforra. Agora é o orgulho próprio que conta.

9. O secretariado fica perplexo. Há cisões. Os antigos apoiadores não sabem se acham as mudanças boas ou ruins. Os vereadores mudam o rumo. O prefeito volta a ser cumprimentado nas ruas e abre um largo sorriso a cada dois minutos

10. O Prefeito ganha a reeleição. Mas seu governo não tem mais charme e seus apoiadores são muito distintos daqueles que o apoiaram a vida toda. A soberba se soma à agressividade e cinismo. Entrou na lógica do poder que criticava no passado. E não sabe se é feliz ou infeliz.

Moral da história: se começa errado, melhor não terminar errado.


Rudá Ricci é cientista político, moderador do Blog De esquerda em esquerda

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Imperatriz, a terra dos condomínios

Eles vêm surgindo aos montes, inúmeros, incontáveis, incomensuráveis. São os condomínios que surgem na cidade de Imperatriz. Todos com piscinas, play-grounds, imensas áreas de lazer e todo o conforto que a população merece, mas não tem condições de pagar. Onde isso vai parar? É só ligar a televisão na programação local e conferir o sem número de anúncios que só faltam prometer heliponto e sauna seca e a vapor.
Quando cheguei aqui há três anos, um empresário, que acaba de ser agraciado com o título de cidadão honorário de Imperatriz, me chamou a atenção para a quantidade de investimentos privados que estavam projetados para aqui se instalarem. Cheguei a questionar o pessimismo dele. Entretanto, hoje a realidade está aí nua e crua. A população, muito pobre, não tem condições de bancar o alto preço desses investimentos e o resultado é que começa a se formar uma falência com efeito dominó para os mais diversos segmentos. Alguém tem que pagar essa conta!
Infelizmente, o protecionismo impera em Imperatriz, assim como na cidade de onde vim, Porto Seguro, na Bahia, onde havia um monopólio de barracas de praia que conseguiram desmontar o glamour daquela linda cidade, em detrimento aos interesses de meia dúzia de gananciosos "empresários". A história de Imperatriz é muito parecida, senão igual e o problema tende a se agravar mais ainda com a inauguração do shopping de verdade no próximo ano. Como aconteceu em Belém, a tendência é que o movimento da cidade se transporte para o outro lado, deixando para trás um rastro de história para ser contada.